quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Eclipse Total da Lua

03 de Março de 2007


Os eclipses da Lua ocorrem toda vez que o nosso satélite penetra no cone de sombra projetado pela Terra no espaço. Estando, portanto, do lado oposto ao Sol, os eclipses lunares só podem ter lugar quando a Lua passa pela fase de cheia.


Fig. 1 - Esquema geral de ocorrência dos eclipses lunares.

Iluminada pelo Sol, a Terra projeta no espaço dois cones: um de sombra e um de penumbra. Em seu movimento orbital ao redor da Terra, em certas ocasiões, a Lua penetra no cone de penumbra e temos o chamado eclipse penumbral, muito dificil de ser observado, uma vez que a atenuação do brilho lunar é quase imperceptível. Em determinadas condições a Lua pode atravessar parcial ou totalmente o cone de sombra, ocorrendo aí, o ECLIPSE LUNAR propriamente dito.

No início da noite de 03 de março poderemos observar ( se as condições meteorológicas permitirem ) um ECLIPSE TOTAL DA LUA, cujas etapas ocorrerão nos horários relacionados na tabela adiante. Os horários foram calculados pelo método clássico, com aumento de 2% no raio angular aparente da sombra e da penumbra e pelo método de Danjon introduzindo-se correções no valor da paralaxe lunar.

Os horários das ocorrências das diversas fases valem para o fuso -3h ( ou 3h oeste ). Para as localidades situadas nos fusos (-4h) e (-5h), subtrair respectivamente 1h e 2h dos horários indicados. Assim, por exemplo, em Manaus-AM, situada no fuso (-4h), o meio do eclipse ocorre às 19h 21m. Em Rio Branco-AC, a saída da Lua da sombra ( U4 ) se dará às 20h 12m. Para mais informações consulte: Fusos Horários do Brasil.

TABELA 1 - HORÁRIOS DAS OCORRÊNCIAS DAS DIVERSAS FASES
FASES
F
DATA
CLÁSSICO
DANJON
1
Entrada da Lua na penumbra
P1
03.03.2007
17h 16m
17h 18m
2
Entrada da Lua na sombra
U1
03.03.2007
18h 30m
18h 30m
3
Início do eclipse total
U2
03.03.2007
19h 44m
19h 44m
4
Meio do eclipse
M
03.03.2007
20h 21m
20h 21m
5
Fim do eclipse total
U3
03.03.2007
20h 58m
20h 58m
6
Saida da Lua da sombra
U4
03.03.2007
22h 12m
22h 11m
7
Saida da Lua da penumbra
P4
03.03.2007
23h 26m
23h 24m
TABELA 2 - OUTRAS INFORMAÇÕES SOBRE O ECLIPSE
CLÁSSICO
DANJON
Duração do eclipse total
U3 - U2
01h 14m
01h 14m
Duração do eclipse pela sombra
U4 - U1
03h 42m
03h 41m
Duração total do eclipse
P4 - P1
06h 10m
06h 06m
Grandeza do eclipse pela sombra
g
1,238
1,233
O diagrama seguinte representa um corte da região da penumbra e da sombra projetadas pela Terra, na posição correspondente à distância da Lua, ilustrando as diversas fases do fenômeno que poderá observado. A Lua permanecerá totalmente imersa na sombra da Terra ( intervalo U3-U2 ) durante 01 hora e 14 minutos, cerca de 33 minutos a menos do que a máxima duração possível para esse tipo de fenômeno que é de 1h 47min.

Fig. 2 - As diversas etapas do eclipse total da Lua de 03 de março de 2007.

Embora sendo um astro iluminado pelo Sol e estando imersa na sombra da Terra, a Lua não se tornará invisível. É que uma parte dos raios solares que atravessa a atmosfera terrestre sofre desvio ( refração ), penetra no cone de sombra e atinge o disco lunar permitindo sua percepção. As condições atmosféricas da Terra, no momento do eclipse, determinam a coloração da Lua no instante da totalidade. Em muitas ocasiões, a Lua se apresenta com uma coloração alaranjada, em outras avermelhada e, em alguns eclipses, com um tom marrom escuro, quando na atmosfera existem grandes quantidades de partículas geradas, principalmente, pelas erupções vulcânicas.

Fig. 3 - Espalhamento e refração da luz solar pela atmosfera terrestre.
A luz solar é composta por radiações de várias cores (várias freqüências). Quando a luz do Sol atinge a atmosfera, atravessando-a de forma razante como na figura acima, as moléculas do ar produzem o espalhamento da luz azul em todas as direções. As radiações de maior comprimento de onda ( alaranjada e vermelha ) são desviadas para dentro do cone de sombra, dando essas tonalidades à Lua à medida que o eclipse se desenvolve. A imagem ao lado ilustra a coloração da Lua durante o eclipse total de 20 de janeiro de 2000. Foto divulgada pela NASA em 02.Fev.2000.
Fig. 4 - Aspectos da Lua na fase central de um eclipse. Fotos de Stephen Barnes - 20.Jan.2000
A OBSERVAÇÃO DO ECLIPSE

O eclipse poderá ser observado a olho nu ou com o auxílio de binóculos, lunetas ou telescópios, uma vez que este fenômeno não traz quaisquer prejuízos à visão, ao contrário do que ocorre com os eclipses solares. O amador em astronomia que disponha de um pequeno instrumento para a observação poderá acompanhá-lo cronometrando os instantes das diversas fases, assim como a passagem da sombra pelas inúmeras crateras, mares e montanhas lunares.

Durante o eclipse, a Lua estará localizada na constelação de Leo ( o Leão ). A borda sudoeste do disco lunar estará, no meio do eclipse, a 2,4' do centro da sombra e a borda nordeste a 6,9' do limite da sombra e a 32,2' do centro ( veja a figura 2 ). Desta forma, diferentes regiões da Lua estarão em diferentes partes da sombra e poderemos notar diferenças no brilho e na coloração do disco lunar. O limbo nordeste, mais próximo da borda da sombra, se apresentará mais claro que o limbo sudoeste que estará próximo do centro da sombra.

Para um observador em São Paulo, no instante do meio do eclipse, a Lua estará com 23,6º de altura e 70,0º de azimute ( contado a partir do ponto cardeal norte no sentido norte - leste - sul - oeste ).

IMPORTÂNCIA DOS ECLIPSES LUNARES

Do ponto de vista científico os eclipses lunares têm menor importância que os eclipses solares. Mesmo assim, há observações e medidas que permitem melhorar o conhecimento científico. Por exemplo: a observação da Lua na faixa do infra-vermelho, durante a sua entrada na sombra da Terra e no período em que ela se encontra mergulhada no interior do cone de sombra terrestre, oferece material científico para se estudar as variações das temperaturas na superfície lunar à medida que nosso satélite é obscurecido.

As observações das diversas fases do eclipse lunar e a cronometragem dos instantes em que a sombra da Terra passa por algumas crateras lunares, permitem, pela comparação entre os instantes observados e os previstos, melhorar o nosso conhecimento sobre o movimento orbital da Lua, sobre o movimento de rotação da Terra e aprimorar os métodos de cálculo e as teorias de previsão dos eclipses.

Dois procedimentos são utilizados para o cálculo dos horários das diversas fases de um eclipse lunar: o chamado método clássico que considera os raios aparentes da sombra e da penumbra aumentados em 2% para dar conta dos efeitos da atmosfera terrestre e o método devido ao astrônomo francês André Danjon que utiliza um valor aumentado da paralaxe lunar para dar conta dos efeitos citados. No primeiro procedimento os tamanhos da sombra e da penumbra são aumentados na mesma proporção enquanto que no segundo método os aumentos são desiguais, o que provoca alteração nos instantes previstos pelos dois métodos.

A observação e a cronometragem cuidadosas dos instantes em que a sombra da Terra passa por algumas crateras lunares permitem acumular dados para que se possa calcular o aumento de tamanho da sombra terrestre e decidir qual dos dois procedimentos oferece os melhores resultados no cálculo da previsão.

São necessários para isso, além de um pequeno telescópio ou um binóculo, um relógio aferido e um mapa da superfície lunar para que possam ser identificadas as crateras. A tabela adiante fornece os instantes previstos para a passagem da sombra terrestre em algumas crateras de grande tamanho. Os instantes foram calculados pelo astrônomo norte-americano Fred Espenak, da NASA.

Ao alcance do amador em Astronomia está, também, a determinação do chamado Número de Danjon, que indica o grau de obscurecimento e a coloração da Lua no instante central do eclipse.

TABELA 3 - PASSAGEM DA SOMBRA TERRESTRE
POR ALGUMAS CRATERAS DA LUA
IMERSÃO
CRATERA
EMERSÃO
CRATERA
18:35
Grimaldi
21:06
Grimaldi
18:37
Billy
21:06
Aristarchus
18:43
Campanus
21:13
Kepler
18:49
Kepler
21:13
Billy
18:49
Tycho
21:17
Plato
18:54
Aristarchus
21:19
Pytheas
18:57
Copernicus
21:22
Timocharis
19:02
Pytheas
21:22
Copernicus
19:08
Timocharis
21:26
Campanus
19:13
Dionysius
21:28
Aristoteles
19:13
Manilius
21:30
Eudoxus
19:17
Menelaus
21:36
Tycho
19:21
Plinius
21:37
Manilius
19:22
Goclenius
21:41
Menelaus
19:23
Plato
21:45
Dionysius
19:27
Taruntius
21:45
Plinius
19:27
Langrenus
21:56
Proclus
19:28
Eudoxus
21:59
Taruntius
19:31
Aristoteles
22:01
Goclenius
19:31
Proclus
22:07
Langrenus
OUTRAS INFORMAÇÕES TÉCNICAS SOBRE O ECLIPSE

Série: O eclipse total da Lua de 03 de março de 2007 é a repetição, após um período de Saros, do eclipse total ocorrido em 20 de fevereiro de 1989. Ambos fazem parte da série de Saros nº 123, que se desenvolve em torno do nodo descendente da órbita lunar e que teve início com o eclipse penumbral ocorrido em 16 de agosto de 1087 e que se encerrará com o eclipse penumbral de 19 de outubro de 2385. A série em questão terá, portanto, a duração de 1.298 anos. O presente eclipse é o 52º da série composta por 73 eclipses ( incluíndo os penumbrais e umbrais parciais e totais ).

Ponto Sub-lunar: No instante do meio do eclipse a Lua estará no zênite para os observadores da Nigéria e da República dos Camarões.

TABELA 4 - OS PRÓXIMOS ECLIPSES DA LUA
DATA *
TIPO
VISIBILIDADE NO BRASIL
01
2007.AGO.28
Total
Somente as fases iniciais serão visíveis no Brasil.
02
2008.FEV.21
Total
Visível em todo o território brasileiro.
03
2008.AGO.16
Parcial
Somente as fases finais serão visíveis no Brasil.
04
2009.FEV.09
Penumbral
Invisível no Brasil.
05
2009.JUL.07
Penumbral
Invisível no Brasil.
06
2009.AGO.05
Penumbral
Observável em todo o território brasileiro.
07
2009.DEZ.31
Parcial
Invisível no Brasil.
08
2010.JUN.26
Parcial
Invisível no Brasil.
09
2010.DEZ.21
Total
As fases finais serão invisíveis no Brasil.
10
2011.JUN.15
Total
Somente as fases finais serão visíveis no Brasil.

* As datas referem-se ao instante do meio do eclipse em tempo legal do fuso -3h ( Tempo Legal do Distrito Federal - TDF )

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