Astrônomos do mundo inteiro se preparam para observar, entre esta terça e quarta-feira, um fenômeno excepcional que só voltará a ocorrer em 105 anos.
O trânsito de Vênus entre a Terra e o Sol, de quase sete horas de duração, será visto como um ponto preto na superfície solar, mas os especialistas advertem que só deve ser observado com mecanismos que bloqueiem a luz solar aprovados para evitar risco de cegueira.
O início do fenômeno será visível na América do Norte (em todos os Estados Unidos, no centro e no leste do Canadá), em toda a América Central e no Caribe e no norte da América do Sul (na parte central e norte do Peru, em Equador, Colônia e na Venezuela, em quase todo o território), na tarde de 5 de junho, desde que o tempo fique aberto. O final do fenômeno não será visto nestas regiões por causa do pôr-do-sol.
Toda a passagem de Vênus diante do Sol poderá ser vista no leste da Ásia e na região do Pacífico Ocidental. Em Europa, Oriente Médio e sul da Ásia serão visíveis as etapas finais da passagem, à medida que for amanhecendo na região, na quarta-feira.
A maior parte da América do Sul, assim como o oeste e o sudoeste da África, não chegarão a observar o fenômeno.
A agência espacial americana (Nasa) prometeu "a melhor vista possível do evento" através de imagens em alta resolução captadas de seu Observatório de Dinâmica Solar (SDO, na sigla em inglês), em órbita ao redor da Terra.
"Uma passagem assim é um espetáculo maravilhoso e raro. Se levarmos em conta a imensidão do céu, é bastante incomum que um planeta passe em frente ao disco do Sol e é preciso esperar 2117 para (ver) o próximo", disse o co-pesquisador do SDO, Richard Harrison.
A sonda Venus Express, da Agência Espacial Europeia (ESA), é a única nave na órbita de Vênus atualmente e usará a luz do Sol para estudar a atmosfera desse planeta.
A ESA e a agência espacial do Japão também têm satélites na órbita terrestre para observar a passagem de Vênus diante do Sol.
E o telescópio espacial Hubble, da Nasa, que não pode observar o Sol diretamente, usará a Lua como um espelho para captar a luz solar refletida e aprender mais sobre a atmosfera de Vênus.
Muitas universidades e centros de estudos, como a Universidade Autônoma do México e o Museu Aeroespacial em Washington, programaram observações e conferências de astronomia para o público.
Para aqueles que quiserem ver o fenômeno em seus 'smartphones', há um aplicativo disponível para acompanhamento da passagem em http://tov2012.esri.com, segundo a associação internacional Astrônomos sem Fronteiras.
Os cientistas asseguram que estudar o trânsito incentivará esforços futuros para identificar planetas distantes e aprender mais sobre suas atmosferas.
Só seis passagens de Vênus diante do Sol foram registrados dos 53 ocorridos entre 2000 a.C. e 2004 d.C, quando ocorreu o último.
A próxima passagem de Vênus entre o Sol e a Terra ocorrerá em 2117, dentro de 105 anos. Esses trânsitos acontecem duas vezes a cada oito anos e, depois, não são registrados por mais de um século.
O último trânsito de Vênus entre o sol e a Terra aconteceu em 2004 e nenhum fenômeno foi verificado em todo o século XX.